quinta-feira, 31 de março de 2011

Metamorfoses (em oito partes)


Fragmento
                                   
                                I – O quarto.

A manhã me arranha o rosto com som molhado
                                   Encostado na parede como rede estou em luz,
                                   Ofusca o grito do Viajante do quarto ao lado
                                   A noite se foi em siluetas de samba e abraços de mulher
                                   Do meu lado, a existência é um dia nublado,
                                   Mas o Viajante jantou o pó de sua jornada...
                                   Agora o desespero produz da manta um casulo,
                                   Libera a carne e a roupa de um inseto homem.

                                   O grotesco risca a metafísica do sonho
                                   Vejo as mutações de multidões no cimento
                                   As muitas pernas se voltando para o catre sol,
                                   Catedral imagem leva o Viajante o grito pó
                                   A casa corre tanto dentro quanto fora,
                                   A casa é um rio sem corpo e de muitas vozes
                                   Faz viagem no Viajante que não deixa a cama
                                   Reclama a chama e sai na ausência os olhos de vida


Leandro Ramires Rodrigues é formado em Letras pela FMU, especialista em Literatura pela PUC-SP, atualmente realiza cursos como aluno especial na USP, lugar onde pretende abrir o mestrado em teoria literária. “Diálogos de metaficção em O Sol Se Põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho”. Leciona língua portuguesa, literatura e redação para o ensino médio desde 1998, passando por outras modalidades de ensino também. Atualmente, é o conselheiro de Literatura da cidade de Santo André – gestão 2010/2012. Não se considera poeta nem escritor, palavras complicadas de se definir, mas se aventura no mundo da escrita desde 1997, quando um abençoado professor de literatura na faculdade de letras resolveu dedicar se de graça, abrindo uma oficina de criação literária. Ficou doente e desde então não mais largou a poesia e a ficção.

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