quinta-feira, 31 de março de 2011

A SONATA EXTRAVIADA

fiorentinos musician angel


por Denise Perini

Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.

Adélia Prado


A noite não tem lua,
e até as estrelas se fecharam atrás
das nuvens espessas.
Nem Damas da Noite e
tão pouco os pobres gerânios.
Não há flautas docemente melodiosas.
A única música que ouço
vem dos acordes entristecidos do meu coração.
Soltos no tempo ficaram
a juventude, a ternura e a graça de viver.
Comigo só vieram a dor, a tristeza e bem lá no fundo...
um resquício da emoção perdida
quando me lembro dos olhos dele...
Ah, Adélia! Perdoe-me!
Não fui doida e tão pouco santa.
Oscilei entre o medo e a sensatez.
Encarcerada pelas convenções hipócritas,
não abri a janela.
E hoje, prisioneira de mim mesma,
me pergunto:
Faltou loucura ou sobrou santidade?



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